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domingo, 5 de dezembro de 2010

SONHO CAÍDO

Luiz Domingos de Luna*

O Cheiro do incenso existencial permeia a sociedade volatizada em ligas emocionais que dão sustentabilidade aos vínculos que ligam os seres humanos; assim quanto maior for a consistência da densidade do aroma, maior a solidez do tecido sociológico, ao contrário a fragmentação, a fragilidade, cinzas, sombras, o nada.

A mutação social é sempre oportuna em qualquer agrupamento humano, vez que a mesma, funciona como o um novo revigoramento de energias positivas do pulsar vivo existenciais ao contrato vigente a paisagem humana.

A corrente da vida sempre liga o elo do passado ao futuro, sendo o instante presente o marco que será absolvido as novas gerações, assim, o repasse de fluidos positivos acende a luz para dar lugar ao futuro, não vivido, mas que se pode dimensionar em abstrações, daí o motivo da racionalidade humana, a capacidade de projetar ações de um por vir, através das ações do agora.

A Racionalidade como um mastro direcionador dos passos dos seres humanos, tem conservado e assegurado a continuidade do homo sapiens no planeta terra com a soberania e supremacia as demais espécies existentes.

O Campo emocional ao vapor do vendaval do carrossel existencial é de uma textura um pouco mais complexa, vez que, além do crescimento populacional, novas tecnologias vão surgindo, novos valores vão sendo naturalizados, as exigências sociais, a cada mutação, uma nova objetiva de maior alcance a aptidão no convívio interativo da conjuntura como um todo.

O problema nasce nos conceitos, via de regra, as grandezas emocionais na literatura, na filosofia são eternizados como se o tempo não existisse. Daí uma liga emocional eternizada no passado, hoje não ter consistência de: “nada é sólido o suficiente que não se dissolva no ar”, assim, urge a necessidade de o problema vigente não pode ser resolvida a força de conceitos ultrapassados, bem como os futuros à luz da limitação do presente.

A prudência racional deve ao seu tempo, o templo, a missão de não deixar que a força dos conceitos emocionais de outrora se dissolva em sonho caído do agora, logo, a força do poder dos conceitos deve ser revista, para não sobrecarregar o peso exagerado que se coloca nas costas das gerações vindouras.
(*) Procurar na web

Inscrições da Bienal da UNE só até 15 de dezembro

O Coletivo Camaradas é um dos parceiros Bienal da UNE. O Estado do Ceará deverá inscrever mais de 100 trabalhos para atender a meta estabelecida pelo Instituto CUCA. Diversos artistas e estudantes da região do Cariri já enviaram trabalhos.

A coordenação da 7ª Bienal da UNE anunciou nesta terça-feira (30) a prorrogação do prazo para as inscrições de trabalhos nas mostras artísticas do festival. Inicialmente, a data final seria 30 de novembro. Porém, em razão da grande procura e com objetivo de ampliar a diversidade dos trabalhos que irão se apresentar na Bienal, a nova data definida é dia 15/12 (quarta-feira). Os nomes dos selecionados serão divulgados até o dia 20/12 (segunda-feira) no portal www.une.org.br. Haverá também comunicado por e-mail e telefone.

O EstudanteNet explica abaixo todas as formas que existem para participar da Bienal da UNE.

TRABALHOS SELECIONADOS PARA A 7ª BIENAL

A primeira forma de participar da Bienal da UNE é ter o seu trabalho selecionado para ser apresentado nas mostras artísticas. Caso isso ocorra, não é necessário fazer a inscrição individual (estará automaticamente abonado da taxa de R$ 100). O selecionado será ainda premiado com um pro labore e terá um alojamento específico (os alojamentos são em salas de aulas). A organização da Bienal não se responsabiliza pela alimentação e o translado até o Rio de Janeiro.

Para inscrever o seu trabalho na áreas de Artes Integradas, Música, Artes Cênicas, Artes Visuais, Audiovisual, Literatura, C&T, Mostra CUCA e Atividades Autogestionadas basta ler o regulamento da 7ª Bienal e fazer o cadastro nos links abaixo. É fácil e gratuito.
As propostas podem ser enviadas até o dia 15/12/2010. O resultado dos selecionados será divulgado até o dia 20/12/2010 no portal www.une.org.br.

Pelo Twitter @bienaldaune, os interessados poderão acompanhar outras informações. Em breve será lançado também o hotsite da Bienal. Dúvidas poderão ser esclarecidas pelo e-mail bienal@une.org.br.

É TEMPO DE LAPINHAS...

LAPINHAS VIVAS
O sagrado na simplicidade de um povo plural

Lapinha de Mãe Celina (Crato-CE-Brasil) - Foto de Antonio Vicelmo
  
 A influência ancestral dos três principais mundos formadores da alma brasileira permanece pulsante na vida do sertanejo simples, cuja religiosidade se manifesta à flor de seus atos e ditos. E é na efervescência dessa estética universal que nascem e se fortalecem as tradições culturais populares; em nosso caso, resultantes do caldeamento cultural havido entre os indígenas donos da terra, os brancos ibéricos invasores e os negros de várias nações para cá trazidos como escravos.

A Lapinha assume, neste contexto, uma espécie de demonstração da prevalência do cristianismo sobre as crenças e religiões dos outros povos. Entretanto não escapa à aculturação decorrente dessa convivência, sabida por nós nada pacífica ou cordial. J. de Figueiredo Filho, em seu O Folclore no Cariri (1960: p. 32) nos afirma que à Lapinha, “de procedência lusitana, foi acrescentada muita cousa de fonte indígena ou africana, como os caboclos, a canção da formosa tapuia, ou temas inteiramente abrasileirados.” Na mesma obra (pp. 33-39), ilustra seu caráter multicultural verificando a presença do anjo, índios, do sol, da lua, baianas, beija-flor, pastores, vaqueiros... além dos três Reis Magos. 

Lapinha de Mãe Celina (Crato-CE-Brasil) - Foto de Antonio Vicelmo


É a Lapinha Viva, pois, a reconstituição dramática popular da visita dos três Reis Magos ao recém-nascido Jesus, com o fim de lhe ofertarem presentes. Sua significação transita da representação quase que ainda medieval, com pessoas interpretando santos, bichos e coisas da natureza como simples e profunda louvação ao Deus-Menino, até a complexa peça de antropologia cultural que traz em si grande parte da história da humanidade. Lá estão não somente símbolos de culto cristão, católico, mas fortes traços que nos remetem aos primitivos tempos em que o homem vivia em diálogo e harmonia com a natureza, assim como elementos que podem “contar” os processos de formação cultural e social da nação brasileira, sem descuidar de nos remeter aos povos ancestrais de antes do encontro em nossas terras.

Hoje, no Cariri, as nossas Lapinhas Vivas apresentam praticamente as mesmas características dramáticas de outrora, sendo acrescidas quase sempre da louvação de um grupo de Reisado, que também representa a peregrinação dos Reis Magos a Belém, pertencendo ambos ao ciclo natalino, e, às vezes, de uma Banda Cabaçal. Quando se juntam os três folguedos, multiplicam-se a beleza estética, o brilho dramático, o riso brincante, o alcance histórico.

O fortalecimento e a difusão do folclore e das manifestações tradicionais populares, a exemplo das Lapinhas, devem servir principalmente à causa do (re)descobrimento de nossa identidade cultural, pois que oferecem uma farta leitura do mundo em variadas dimensões e diferentes tempos. É a história se doando generosamente à elaboração de um novo pensamento, que dê vazão a sinceras atitudes libertárias, que restabeleça o espírito e a festa da dignidade humana, da democracia, do respeito à natureza, da felicidade, do amor.   

Cacá Araújo
Professor, ator, dramaturgo e folclorista
Diretor da Cia. Cearense de Teatro Brincante
Crato - Cariri - Ceará - Brasil